quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Rotina de controle da qualidade da água

SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Rotina de controle da qualidade da água
Luciana Augusta Alves Mariano - – Enfermeira da CCIH / SCIH
Abril de 2006.
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I. INTRODUÇÃO:
O fornecimento de água de boa qualidade livre de contaminação é essencial para
várias operações no ambiente hospitalar. Além de ser necessária à vida, é utilizada para
procedimentos de limpeza, desinfecção, esterilização, preparo de alimentos e
hemodiálise, sendo que os requisitos de pureza variam de acordo com o tipo de uso.
A água pode conter organismos nocivos à saúde humana, como as bactérias,
endotoxinas bacterianas, certos tipos de algas além de contaminação química. Assim é
necessário que procedimentos relativos ao tratamento da água sejam feitos, tais como
conservação e limpeza de reservatórios, esterilização e desinfecção.
O tratamento da água consiste em melhorar suas características organoléticas
(propriedade das substâncias impressionarem os sentidos), físicas, químicas e
bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo.
Devido ao fato da água ser um veículo de contaminação que atinge rapidamente
uma grande quantidade de indivíduos, determinamos uma rotina especifica para o
controle de qualidade da água.
II.CLASSIFICAÇÃO DA AGUA:
• Água potável- água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos,
físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça
riscos a saúde;
• Água destilada- água livre de qualquer forma de vida;
• Água deionizada- é o processo de remoção total dos íons presentes na água,
através de resinas catiônicas e aniônicas. A troca iônica é utilizada para retirar da água
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substâncias inorgânicas que não podem ser removidas pelos processos normais de
filtração ou sedimentação. Pode, portanto, remover resíduos minerais como cálcio,
magnésio, arsênico, cromo, excessos de flúor, nitratos, rádio e urânio.
III.RECOMENDAÇÕES GERAIS:
Manter reservatórios de água tampados de forma apropriada,impedindo possíveis
contaminações por pássaros e roedores;
Manter registrados o controle de limpeza de todos os sistemas de tratamento de
água existentes na instituição;
Encaminhar ao SCIH periodicamente os resultados das análises da qualidade da
água;
Comunicar ao SCIH qualquer anormalidade de funcionamento dos sistemas de
tratamento de água;
Durante os procedimentos de manutenção e desinfecção do sistema de tratamento
armazenagem e distribuição de água toda a comunidade hospitalar deve ser avisada;
Os reservatórios devem ser mantidos ao abrigo da incidência direta da luz solar.
Em caso de contaminação, amostras diárias devem ser colhidas nos diversos
pontos do sistema enquanto persistirem os sinais de contaminação, devendo ser feita
uma desinfecção geral dos mesmos.
IV. COLETA DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE:
A coleta de amostras de água para exame de potabilidade deve ser realizada
mensalmente ou sempre que houver suspeita de contaminação da água, priorizando os
mesmos pontos de coleta com o objetivo de estabelecer parâmetros de comparação
entre os exames
TABELA DE ANALISE DA ÁGUA
sistema freqüência responsável
Reservatório comum Mensal Setor de manutenção
Osmose reversa Mensal Hemodiálise
Deionização Trimestral CME
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1. Pontos de coleta de amostras:
A. Em todo sistema:
• Antes e após a passagem pelo filtro de areia;
• Após saída do reservatório;
• Após processo de deionização;
• Torneiras, mangueiras, expurgos, dutos, cisterna, caixas de água e “ladrões” dos
seguintes setores; laboratório,nutrição,centro cirúrgico,UTI, hemodiálise,berçário,
transplante renal,
2. Procedimento:
• Proceder à lavagem das mãos;
• Desinfetar a torneira com gaze estéril embebida em álcool a 70%;
• Abrir a torneira e deixar a água escoar por no mínimo 02 (dois) minutos ou por tempo
determinado de acordo com o projeto hidráulico;
• Colher a amostra em vidro estéril, abrir exatamente no momento de coleta, tendo o
cuidado para não tocar nas bordas;
• Coletar a água de modo que o frasco coletor fique com até no máximo 2/3 de seu
volume, para permitir homogeneização da amostra;
• Fechar o frasco com a própria tampa e vedá-lo com fita adesiva ou esparadrapo, para
evitar que a amostra derrame;
• Cobrir a tampa com papel protetor e amarrá-la com barbante;
• Identificar o frasco com data, hora, procedência, cidade, município, responsável pela
coleta, telefone e endereço.
3. Transporte:
• Amostras transportadas à temperatura ambiente: o intervalo de tempo entre a coleta e
a chegada ao laboratório não poderá ser superior a 06 (seis) horas;
• Amostras transportadas sob refrigeração: o intervalo de tempo entre a coleta e a
chegada ao laboratório não poderá ser superior a 24 (vinte e quatro) horas. A
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embalagem deverá conter gelo em sacos plásticos, acondicionados de tal forma que
não molhem ou danifiquem o papel protetor do frasco.
V. ROTINA DE LIMPEZA DOS RESERVATORIOS:
A limpeza dos reservatórios de água será realizada a cada 3 meses e seguirá os
seguintes passos:
Esvaziar o reservatório de água pelo encanamento até uma altura de 30cm, onde
irão se concentrar iodo, minerais, partículas pesadas e outros;
Remova a água restante através de bombas de sucção, de modo que detritos e
resíduos sejam removidos;
Proceda a limpeza mecânica das paredes, de preferência com água em alta
pressão. Deve-se tomar o maximo cuidado para não remover a impermeabilização dos
reservatórios de água;
Enxágüe com jatos de água e aplique solução de hipoclorito de sódio e ainda 50g
de sal para cada 20.000 litros de capacidade de reserva de água, deixando um tempo
de contato de 15 minutos;
Enxágüe com água limpa;
Encha o reservatório.
VI.ROTINA DE LIMPEZA DOS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA:
1.FILTRO DE AREIA:
O filtro de areia tem um funcionamento semelhante ao dos filtros lentos das estações de
tratamento de água.
A limpeza deste tipo de filtro deve ser realizada através de raspagem de
aproximadamente um centímetro da sua camada superficial de areia, quando o filtro
começar a perder sua capacidade de filtração, ou seja, quando começar a "entupir".
Após dez limpezas, o leito filtrante deve ter sua espessura original reconstituída,
ou seja, a camada de areia deve ser completada novamente para 25 centímetros.
É recomendada uma camada de carvão vegetal, moído e sem pó, na parte inferior
do filtro, objetivando a adsorção de compostos responsáveis pela presença de sabor ou
odor.
Realizar anotação no livro de relatório descrevendo o procedimento de limpeza.
Obs.:
Se os filtros não forem tratados cuidadosamente sua eficiência é limitada.
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2. OSMOSE REVERSA:
A água usada em hemodiálise pode ser origem de endotoxinas (ou
Lipopolissacarídios ) que causam várias respostas fisiológicas agudas , como febre ,
calafrios , cefaléia , mal-estar , mialgias , náuseas , bocejos, podendo também causar
coagulação de dialisador , além de determinar complicações a longo prazo , como
caquexia e amiloidose , e contribuir para sub-diálise.
Mesmo em água esterilizada podem ser encontradas altas concentrações de
endotoxinas , pois mesmo uma baixa contagem de colônias bacterianas não significa
ausência de endotoxinas.
As bactérias mais frequentemente encontradas em água de hemodiálise são gramnegativas
, em torno de 90 % , com franco predomínio do gênero Pseudomonas. As
bactérias gram-negativas podem se multiplicar muito rapidamente , mesmo em água
esterilizada , alcançando altas concentrações (> 100.000 col/ml) em menos de 48 horas.
Em soluções de diálise este crescimento bacteriano pode ser mais rápido , pela
presença de glicose e bicarbonato , gerando altos níveis de endotoxinas .
O padrão mínimo de qualidade de água para hemodiálise deve corresponder aos
seguintes padrões microbiológicos e de endotoxinas:
TIPO DE FLUIDO CONTAGEM DE COLONIA
UFC/ml
ENDOTOXINAS EU/ml
1.Água para dializato <200 br="" n="" o="" padronizado="">2.Dializato <2000 br="" n="" o="" padronizado="">3.Água para reprocessar
capilar
<200 5="" br="">4.Água para solução
desinfectante
<200 br="">2.1 Coleta de amostra para análise:
Pontos de coleta de amostras:
• Pré-filtros para verificar potabilidade;
• Pós filtros de carvão e areia;
• Pós osmose;
• Máquinas (01 vez por mês);
• Bancada de Reuso.
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Procedimento: segue a mesma rotina para os reservatórios comuns.
2.2 Rotina Para Limpeza e Desinfecção dos Reservatórios de Água
Tratada para Hemodiálise:
A. Procedimento:
Freqüência: mensal, de preferência após a limpeza para fornecer controle da qualidade
da mesma;
Tanque cônico com sistema de Looping:
• Colocar quantidade de cloro necessária para concentração a 2% conforme o volume
do tanque e tubulação;
• Garantir que o tanque e toda tubulação estejam preenchidos com esta solução através
de recirculação;
• Aguardar 30 minutos;
• Colocar nova água;
• Fazer teste de resíduo para cloro;
• Liberar para uso quando teste de resíduo for negativo em todos os pontos; caso
contrário, recircular a água novamente;
Tanques Cilíndricos:
• Proceder conforme rotina de limpeza e desinfecção de caixa d'água e cisterna de
abastecimento.
2.3 OBSERVAÇÕES GERAIS:
• Normalmente a vida média de elementos dos equipamentos de Osmose Reversa é de
04 anos, dependendo das características do projeto, da qualidade da água de
alimentação, da freqüência de limpezas que é realizada no equipamento, entre outros
fatores.
• O reservatório que recebe água tratada deverá ter base cônica e de tamanho ao
consumo;
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• A água desses tanques deve estar em continuo movimento por meio de bombas de
recirculação para que seja promovida a movimentação da água tratada por todos os
encanamentos da sala de diálise e retornar ao tanque de armazenamento;
• Evitar nos circuitos de segmentos de água as "alças cegas".
• Quando houver um diferencial de pressão entre os manômetros instalados no pré
filtro, de 12 a 15 PSI. Se isso não ocorrer, troca-se uma vez por mês.
3.ROTINA PARA LIMPEZA E DESINFECÇAO DE SISTEMA DE DEIONIZAÇÃO
A. Procedimento:
Freqüência: De acordo com as recomendações do fabricante*;
Realizar exames microbiológicos a cada três meses;
Observações gerais:
• O sistema de deionização possui resinas que produzem uma quantidade determinada
de água (em media 600 a 800 litros), após, as resinas devem ser trocadas pois não são
mais eficientes ;
TABELA DE LIMPEZA DOS SISTEMAS DE TRATAMENTO:
SISTERMA RESPONSÁVEL FREQUENCIA
Reservatório comum Setor de higienização trimestral
Filtro de areia manutenção Semanal
Osmose reversa Hemodiálise Mensal
Deionização CME De acordo com o
fabricante
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VII. Referências Bibliográficas:
• MARTINS, M. A. Manual de Infecção Hospitalar: Epidemiologia, Prevenção
e Controle, Medsi, 2ª ed. Rio de Janeiro, 2001.
• BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria 1469 Controle e Vigilância da
Qualidade de Água para Consumo Humano, de 29 de dezembro de 2000.
http://www.anvisa.gov.br/portatias/1469-00 , em 20/01/03.
• BRASIL, Ministério da Saúde, RDC Nº.154 Regulamento Técnico para o
Funcionamento dos serviços de Diálise, de 15 de julho de 2004. http://www.elegis.
bvs.br/leisref/public/showAct.php?id+11539 , em 02/09/04.
• Aspectos de segurança no ambiente hospitalar,
http://www.opas.org.br/gentequefazsaude/bvs.br/cd49/segurança
hosp.pdf , em 12/04/2006.
• Programa nacional de controle de qualidade=Educação continuada= Água
reagente no laboratório clinico,
http://www.pncq.org.br/participantes/atualização em 12/04/2006.
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